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O luto e a vida líquida

Estamos vivendo em uma época onde as pessoas e as relações são cada vez mais volúveis, cada vez mais fluídas, onde tudo é fugaz, nada é feito para durar.

Como diz o Sociólogo Zygmunt Bauman, vivemos em uma Sociedade “Liquido-Moderna”, onde tudo é mercadoria, as relações são baseadas no consumo,  os amores são descartáveis, feitos para durar um verão, uma primavera.  Afetos, sentimentos  são passageiros, ninguém tolera o sofrimento, a busca da felicidade é constante e os processos devem ser cada vez mais rápidos, inclusive o luto.

Seria hipocrisia minha dizer que antes de perder minha filha, pensava diferente,  acreditava na rápida superação de uma perda. Que o luto tinha prazo de validade, que a morte por ser certa em nossas vidas era só caso de aceitação, morreu, pronto, enxuga as lágrimas, engole o choro e bola para frente que a vida continua.

Mas aprendi as duras penas que não é assim que as coisas funcionam, quanto maior o amor, maior é a dor e o luto é algo que demanda tempo, o luto é um processo onde se elabora a perda e se reorganiza a vida, e esse processo não é igual para todos.

As cobranças para voltar a ser como antes, depois da morte de alguém amado, vem de fora, de quem nunca vivenciou um luto e as vezes do próprio enlutado que não se permite viver esse processo, não percebendo que esse período é primordial e que fará falta mais adiante.

O tempo que não foi dado para assimilar a perda, é  fruto desses tempos líquidos, onde tudo tem que ser para ontem, onde o tempo do relógio corre atropelando tudo e a todos e a pressa em se mostrar bem por fora, não cicatriza as feridas de dentro, aquelas feridas que ninguém vê e são poucos que as percebem, inclusive quem as tem. 

As pessoas acham,  que ao deixar o ente querido no cemitério, a vida logo voltará a ser como antes, é só ficar triste uns dias e pronto, acabou, apaga a pessoa da vida, para não sofrer e se lembrar e ficar triste, é só convencer de que passou e pronto, se está muito difícil, só tomar um remedinho, aquele feito para não sentir tristeza. 

Os conselhos são os mais variados possíveis, desde o mais comum,  vá viajar para esquecer, saia e tente se distrair.

Perdeu um filho e tem outros, que viva para seus outros filhos, se for jovem, tenha outro filho, se perdeu o pai ou mãe, viva para sua outra família, se perdeu o marido ou esposa, a fila anda, se perdeu o irmão, viva pelos amigos, pelos seus pais ou tenha um bichinho de estimação.

Enfim, parece que para tudo há uma fórmula mágica e que sofrer é algo absurdo e inclusive ilegal. 

Parece ilegal você não querer mais frequentar os lugares e fazer as coisas que fazia antes, ilegal você não sentir prazer com coisas que antes gostava. Quem se permite  viver o luto, de repente vira um E.T e é visto como o melancólico, o depressivo e por essas e outras que muitos colocam uma máscara e tentam se mostrar bem a qualquer custo, vivendo uma vida de mentira e muitas vezes se ferindo mais. 

As vezes penso que estou ficando paranóica, pois vejo o luto em tudo e os significados de um luto mal elaborado, um luto mal vivido, estão em todas as partes, estão em várias pessoas, inclusive afeta quem nos rodeia.  

Dá até para entender atitudes das pessoas quando fico sabendo que ela passou uma grande perda e não conseguiu viver o luto de forma concreta. Não só perda de um ente querido, mas uma perda significativa, como o emprego dos sonhos, uma relação amorosa que a outra parte desfez o laço, um abandono sem explicação, enfim, esses tipos de perdas afetam a vida de quem a sofre e de quem está ao redor. 

Um luto mal resolvido pode resultar em uma vida muito difícil de ser vivida, o vazio que fica, nunca será preenchido e entender isso faz parte do processo e nesta vida líquida, muitos tentam convencer que há um manual de instruções e uma fórmula mágica disponível em uma prateleira de farmácia ou em lugares com gurus que vendem ilusões, mas que as vezes, gastar a dor é o único meio eficaz que ainda existe para se viver a partir de uma perda. 

 

BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida: Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

8 Comments

  1. Vanuce Bento dos Santos disse:

    É essa a visão das pessoas,elas tem pressa que as coisa voltem a ser como antes!!como assim ????minha filha partiu !!a dor é minha ,eu sei o que sinto e tento entender ,viver sem ela ,tudo me lembra ela
    Vivo por ela.
    Te amo minha filha ou filha minha

    • Karla Cristine Magalhães disse:

      Vanuce eu me sinto exatamente assim ,dia 19 de setembro fez 30 dias da partida do meu filho a dor de perder um filho e insuportável, pro suicídio e pior ainda são muitos perguntas sem respostas, os dias passam lentos eu estou em tratamento psiquiátrico tomando remédio e com acompanhamento psicológico só Deus em nossas vidas pra nós confortar!!!

  2. Renata disse:

    Já se passaram 1 ano e 7 meses e ainda vezesassim “….Ando por aí querendo te encontrar …Em cada esquina paro em cada olhar…” Saudades eternas!

  3. Maria Lúcia Ferreira de melo disse:

    Perdi meu filho a 4meses e meio , tenho me afastado de varios lugares inclusive da igreja onde casou dia 1 de dezembro de 2018 , dor !ah essa dor , parece que tem uma faca cravado no meu coração, Muitas pessoas pensam q viajar, se distrair vai fazer com que agente esqueça mais tudo me lembra ele , e nunca vou esquecer que naquela hora de desespero vc me disse , Mãe te amo ! Filipe te amo demais

  4. Eu sei a dor que vocês estão sentindo porque eu também estou passando por isso , minha mulher se suicidou a dez meses, foram quarenta anos de convivência, onde eu vivia pra ela, criamos duas filhas, três netos, quando eu me aposentei achei que iria descansar, depois de longos anos de trabalho, sofrendo todos os tipos de pressão, minha vida caiu por terra, fizemos várias viagens inclusive pra fora do país, mas ela entrou em depressão e não admitia não queria ajuda, agora não sei mais o que fazer que rumo tomar na vida, fiquei sem chão, não encontro o caminho, não sei pra onde ir, emagreci quinze quilos, só Deus e o tempo pra curar a dor.

  5. ARISLY disse:

    Ler suas mensagens acalentam meu ser e sei que não estou sozinha.

  6. Jefferson Silva disse:

    Vai fazer 1 ano e 4 meses que perdi o meu filho de 15 anos. Além de não deixar faltar nada, sempre dizia que o amava muito!!! Mas além de falar, todos os parentes e amigos viam o carinho um pelo outro. Tudo me faz lembrar dele: lugares, comidas e músicas que gostava, games.
    Ele partiu e não deixou nenhuma explicação. Nunca se mutilou, para saber que estava precisando de ajuda, pois faria de tudo para tentar tratá-lo.
    Eu tenho uma filha de 14 anos hoje. Razão do meu viver, mas sinto demais a falta dele. Não é porque tenho outra filha que o sofrimento será menor. A dor é imensa e será eterna!!
    Porque vc fez isso com a sua vida. Porque não pensou em mim.
    Vc era um filho incrível! Pessoa linda, boa de coração, inteligente.
    Como eu falava para vc meu filho Carlos Eduardo: ” TE AMO, INFINITO E ALÉM”…

  7. Karla Cristine Magalhães disse:

    MEU FILHO ARMANDO César,meu grande amor partiu dia 19 de agosto sem deixar nada escrito pra mim estava tratando a depressão a poucos dias acho que não teve paciência de esperar os remédios fazerem efeito eu que o encontrei penso que não exista nesse mundo dor mais insuportável, acreditar que meu filho se foi estou a base de remédios talvez um dia eu entenda,aceite peço a Deus todos os dias força pra continuar meu menino só tinha 17 anos mas a ele teve a decisão de querer ir a mim só resta juntar meus pedaços e esperar em Deus meu conforto!!!Eu dizia todos os dias a ele que o amava e beijava todos os dias meu filho !!!filho mamãe vai te amar pra sempre!!!

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