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14/03/2023
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A Emoção à Flor da Pele Reflexões sobre o Luto e o Plágio

Reflexões sobre o Luto e o Plágio: A Emoção à Flor da Pele.

Luto é um processo de adaptação e também de reconhecer a si mesmo, nele lido com todo tipo de situação, coisas que me marcaram negativamente, emergem do subconsciente a acontecimentos semelhantes. 

As emoções e sentimentos ficam à flor da pele, e  entendo que por mais que minha vida tenha mudado, algumas coisas vão continuar, e o que vivi não tem como ser apagado e que alguns eventos podem  me levar ao passado e fazer reviver coisas que me marcaram. 

A terapia me ajudou a entender muita coisa, e um deles foi que:  fatos ocorridos durante meu luto, trouxeram assuntos e  sentimentos mal resolvidos do passado. 

Em março de 2019, no dia que a Marina completaria 22 anos, escrevi um texto sobre algumas constatações sobre este luto, publiquei no blog e compartilhei no facebook, e para minha surpresa, dei de cara com o texto com outra imagem em um Grupo de Enlutados e havia sido compartilhado por uma pessoa sem dar os créditos. 

Aquilo me deu uma sensação estranha, eu escrevo como terapia e compartilho para que outras pessoas saibam que não estão sozinhas e que elas sentem fazem parte deste luto.

Fico contente quando alguém se reconhece em minhas reflexões e textos e creio que eles possam ser um incentivo para os enlutados também façam as suas, sei que os sentimentos que compartilho podem ser iguais em várias pessoas, afinal o luto é universal, não há como inventar ou descobrir nada novo.

Publico os textos em um blog aberto para que atinja várias pessoas, acho que desta forma chega a mais enlutados e a pessoas que se interessam pelo tema. 

As reflexões que fiz e que faço, são minhas, são os meus sentimentos colocados ali, minha relação com a minha filha e isso é meu.

E por mais que as pessoas achem que por eu colocar público esses sentimentos,  fiz uma escolha, e corro o risco, porém compartilhar é uma coisa, ninguém tem o direito de violar e usar de minhas escritas como se fossem delas, a forma de se expressar cada um tem a sua, com a sua própria sentimentalidade na escrita. 

Naquele dia, ao ver a publicação, me senti desrespeitada, fiquei remoendo aquilo de uma forma ruim, pedi para a pessoa colocar os créditos, o que foi feito, a administradora da página achou de bom tom, excluir a pessoa do grupo, pois ela além desse fato, não era uma enlutada.

Mesmo assim pensava no acontecido, na terapia foram dias tentando dissolver a minha indignação, até que emergiu de minhas lembranças um caso acontecido na época de escola, tive um trabalho usurpado por uma colega.

Fiz um trabalho que levei dias para finalizar, um mapa-múndi enorme, tirei uma boa nota e uma menina de outra turma me pediu emprestado para copiar e ao invés de cópia, ela apagou meu nome e colocou o dela e o apresentou como se ela tivesse feito. 

Eu achei aquilo o cúmulo da desonestidade, fiquei muito brava, mas não tive coragem de denunciá-la e remoí esse sentimento de raiva e impotência por muito tempo.

E quando via o texto compartilhado sem crédito, aquele sentimento da aluna esforçada que teve o trabalho usurpado, talvez tenha voltado, pois nunca foi resolvido, mas com uma dose bem maior,  não sou mais a adolescente e sim uma mãe que ao escrever sobre seu processo de luto e amor por sua filha se sentiu desrespeitada, por alguém que não faz ideia do que é tudo aquilo que foi escrito. 

E dias atrás, para minha surpresa, me deparei com um texto contendo frases extraídas de escritos de minha autoria e voltou aquela sensação de desrespeito novamente. 

Fiquei aborrecida e magoada, esse episódio só me confirmou que algumas coisas que podem parecer bobas para outros,  para quem as sente e que já passou por situações que marcaram negativamente, voltam, pois o luto como processo não muda a essência, quem eu sou e como fui me construindo ao longo da minha vida, permanecem. 

A pessoa copiou e colou as frases inteiras, mesclando com outras frases, fui verificar e o texto é todo plagiado, ela pegou além das minhas frases, frases de psicólogos e trechos de livros e montou o texto. 

Pedi, no particular, que ela desse os créditos ou que refizesse o texto com suas palavras, demorou alguns dias, ela apagou a postagem e me bloqueou de suas redes sociais

E o que também me chocou foi que quem fez isso foi uma enlutada e estudante de psicologia, e fiquei pensando como é que uma futura profissional que deseja ajudar pessoas em sofrimento ou a se conhecerem melhor, faz um papel desses? 

Não dá para dar a desculpa de ser adolescente inconsequente que quer apenas tirar nota para passar de ano. 

E este não é um problema meu, o que me preocupa demais, é a qualidade dos profissionais que vão adentrar neste universo já complicado de cuidar do outro, mas este é assunto para um outro texto.

E para mim, mais uma lição e a confirmação de que o luto, todo acúmulo de experiências boas e ruins vividas e como você lidou com elas, podem ajudar ou  atrapalhar muito e que qualquer coisa que parece boba, pode deixar sua emoção à flor da pele.  

3 Comments

  1. Mara Rúbia Marques Arquaz Arquaz disse:

    Foi bom ter lido seu desabafo sobre o plágio. Eu não me atentava a isto. Em alguns momentos, em que não sabia expressar meu luto, compartilhei frases, publicações com as quais me identifiquei. Serei mais atenta.

    • Terezinha C. G. Maximo disse:

      Mara,
      Se você é enlutada e compartilha não tem problema, o que me chateia é que pessoas colocam textos todos e até montam outros textos usando partes como se fosse elas que escreveram.
      E essas pessoas não sao enlutadas e sim estudantes ou profissionais da área.
      Um abraço.

    • Maria Luiza Rolim disse:

      É…..só quem passa e tem sensibilidade sabe dizer a realidade que estamos vivenciando…….infelizmente somos rodeados de seres profissionais maravilhosos ainda…..mas poucos…..e muitos ao contrário……e nossos filhos sensíveis não deixaram tbm de ser vitimas destes……não culpa -los por tudooo…..mas contribuíram sim…..no seu caso específico até após a morte de sua filha aparece uma pessoa sem o mínimo de senso ético e sensibilidade com sua dor…….posso afirmar que passei isso com todo tratamento do meu filho……raros foram psiquiatras e psicólogos que realmente exerciam suas funções profissionais mínimas……pior…..nos prontos socorros e hospitais que ele passou……a incompreensão, tratamento dado a ele…….digo mais……aqueles da área da saúde que ele tinha contato diário…..percebiam a fragilidade emocional dele……intelectual acima da média…..porém emocional frágil……resumindo……o mundo esta cada dia mais perverso……e se nossos filhos não resistiram com certeza esse foi o motivo……nossa dor será até o final de nossas vidas …..infelizmente não temos como lutar contra esse crescimento desenfreado de seres humanos que se colocam no cuidado de pessoas…….pedir a Deus que os bons consigam impedir o máximo estes…..muitas mães em riscos de seus filhos…….

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