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Meu luto e o deserto | Posvenção do Suicídio

Foto de Emma Dau por Unsplash

Meu luto e o deserto

Uma reflexão sobre o luto que vivencio e a obra “O Pequeno Príncipe”

Para mim o processo de luto é como estar em um deserto, sozinha, refletindo sobre tudo e na tentativa de conectar coisas com sentido e sem sentido na intenção de lidar melhor com a dor e essas conexões são como pecinhas que vou encontrando perdidas dentro da minha memória e tentando juntá-las a nova forma de viver e eu ainda não sei se ajuda ou atrapalha, mas vou experimentando.

E essa analogia de deserto me fez lembrar do dia em que a Marina veio me falar que seus amigos ficaram espantados por ela nunca ter lido o livro “O Pequeno Príncipe” e por ela não saber do que se tratava a história e me perguntou se eu tinha lido.

Eu o li a primeira vez quando devia ter uns 13 anos e expliquei que o livro era como um rito de passagem da infância para adolescência, quem não lia ficava meio de fora por não saber a relação entre uma jiboia e um chapéu.

O reli depois de um tempo, não lembro ao certo quando e tive uma nova compreensão, o do encontro do adulto com uma criança e as descobertas sobre a vida, a amizade e o amor e que as famosas frases ditas no livro cheias de reflexões eram repetidas a exaustão, principalmente as do Príncipe com a Raposa.

Ela me questionou o motivo de eu nunca ter lhe sugerido a leitura e eu não soube explicar, mas que ainda era tempo, então ela pediu para que eu não continuasse a falar pois ela queria ler e que depois conversaríamos  sobre o livro e quis lê-lo em francês, língua que ela estava aprendendo.

Marina nunca terminou de ler o livro e ele ficou lá no meio dos outros que ela nunca leu e portanto nunca tivemos a conversa sobre ele. 

Então resolvi relê-lo para resgatar algumas reflexões sobre estar no deserto sozinha e essa leitura se tornou algo muito mais profundo e mexeu demais comigo.

Mexeu por várias razões, pela Marina e de como eu passei a entender a história e principalmente os diálogos entre a raposa com o Pequeno Príncipe que anteriormente eu havia gostado tanto ficaram em segundo plano, o que me envolveu demais foi que enxerguei o luto praticamente em tudo.

Desde a morte da Marina vejo e entendo as coisas de uma forma diferente, o que antes para mim era um livro de reflexões sobre a vida, o valor da amizade e do amor continua sendo um livro de reflexões sobre tudo isso mas também sobre a morte e o luto.

Afinal a morte faz parte da vida e ela está ali naquelas páginas há tanto tempo e eu quando o li das outras vezes só me apeguei as partes que falavam do amor, da amizade, pois o contexto em qual eu vivia era totalmente diferente de hoje.

Os vários personagens mostram o que um adulto se torna no decorrer da vida e o que ele deixa para trás quando cresce, não sobra tempo para admirar o mais simples, o realmente belo, se apega a situações onde as palavras e aparência valem mais que ações e que consegue ver o valor de algo depois que o perde e não ao que verdadeiramente tem e que muitas coisas só o olhar inocente de uma criança consegue enxergar.

Hoje para mim, os diálogos do geógrafo explicando que não era explorador e apenas anotava o que contavam para ele e que confiava no que era lhe dito e que só anotava as coisas que não mudavam, e que ele era muito importante para sair explorando, me remeteu a como eu neste luto, busquei por respostas e encontrei muitos teóricos que acreditam que nada muda, consultam seus velhos e grandes livros ditando regras.

E o Pequeno Príncipe não sabendo o que queria dizer a palavra efêmera e se assustando quando entendeu e percebendo que não devia ter deixado a rosa sozinha me fez lembrar que  eu, apesar de saber o significado ainda assim continuo a viver como se nada acabasse e continuei desperdiçando um tempo que poderia ser gasto em outra coisa.

A conversa da raposa com o Príncipe que fala que “Essencial é invisível aos olhos”, me remeteu a algo diferente, pois estou aprendendo a viver sem a presença física, vivo a partir do que vivemos, das lembranças que ficaram, mas tomando cuidado para isso não ser prejudicial, pois viver muito do passado, esquecendo do presente eu posso prejudicar o meu futuro.

Outra que tem um sentido diferente hoje é o “Foi o tempo que dedicastes a tua rosa que a fez tão importante” mostra o quanto no luto isso vem a tona, só sofro pois há amor e não é fácil reaprender a viver sem quem se ama e isso é um processo e também leva tempo.

A frase que até então não me chamava a atenção foi a da pôr-do-sol. “Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol … Talvez por que o pôr-do-sol represente mais um dia vencido e isso no luto conta muito. A beleza do pôr-do-sol como um dia que se foi, contabilizando um dia a menos.

E o que me fez pensar muito, foi o pacto que a serpente fez com o Pequeno Príncipe para voltar para casa, uma das frases da Marina antes de morrer foi justamente sobre voltar para casa e isso me abalou demais e me questionei se foi boa ideia reler o livro.

Hoje além das lembranças, sinto a inocência de olhar para o céu em uma noite estrelada como uma criança que acredita que quando alguém morre vira estrelinha e busco pela mais brilhante e julgo ser a que ela está.

Sei que é um tanto infantil e um tanto sem sentido, mas compreendi que na história o narrador adulto encontra com ele criança e resgata tudo que aprendeu com esse encontro nos dias que esteve no deserto, dando valor ao que realmente merece e faço essa comparação de estar em deserto com o luto e tento reviver e lidar todos esses aprendizados e acomodá-los dentro desta nova vida.

Eu tem dias que lido bem com a dor e em outros não, mas vou aprendendo com ela, a ver coisas onde não via, entender o que antes não entendia e viver da melhor forma possível e que se um pouco de inocência e de esperança, não me atrapalham nesta caminhada, me ajudam e eu sigo experimentando.

SAINT-EXUPERY, Antonie. O Pequeno Príncipe – UFAC, 2016

16 Comments

  1. Carmen disse:

    Terezinha você é o máximo.

    Sua alma é sensível e a dor é real.
    Você é sobrevivente e guerreira.
    Há momentos que tudo perde a cor…
    O nascer do sol pode trazer esperança
    A vida se renova a casa dia…
    Mesmo na areia do deserto existe Oasis.
    O amor vivido antes da partida traz paz.
    Sua vida ganhou sentido no apoio
    Vivenciado com parceiros de perda.
    Você é forte e frágil nesse processo de luto.
    Sinta acolhimento nesse poema
    Que sua vida me inspirou.
    Desejo a você restauração diária,
    A cada passo vibração de amor
    E significação da sua história.
    Com carinho, Carmen Saraiva

  2. Paulo disse:

    Teresinha, conheci você por conta de uma palestra que você deu na Etec de Praia Grande – Extensão Balneário Maracanã. Passei a acompanhar seu blog como forma de entender os sentimentos que ficam para aqueles que continuam vivos e, mais recentemente, de entender o que eu poderia causar se cedesse ao que me atormenta de tempos em tempos. Pode-se dizer que, nos momentos em que me vejo inundado pela ideia de “desistir de tudo” e ceder à única certeza da vida, encontro certas forças em perceber o que ocorreria no pós, especialmente para as pessoas que se importam comigo. Digo isso para agradecer o seu trabalho que, embora advenha de um infeliz evento, é capaz de acalentar o coração não somente daqueles que perderam alguém, mas também daqueles que pensam em ceder. Enfim, continue firme, você auxilia muito mais do que pode imaginar!

    • Paulo disse:

      Perdão pelo erro no nome, fui descuidado em trocar o “Z” pelo “S”

      • Mari disse:

        Só mais uma coisa, acho lindo e forte a forma como vc trata e enfrenta o assunto. A minha forma de seguir, foi nunca pensar sobre, não encaro o fato, e também controlo os pensamentos de modo a não pensar em minha mãe, é a única maneira que encontrei de seguir. Agradeço a minha mãe por ser minha mãe, sonho com ela e acordo emocionada chorando, mas durante o dia não paro para pensar no que aconteceu e nem em lembrar que ela não está mais aqui, agora mesmo neste momento já vou sair do blog pq ao falar deste assunto algo bate forte. Penso também, em ajudar pessoas, sobreviventes, e aqueles que perderam a fé na vida, para evitar que mais pessoas façam isso, morram e sofram. Sei que no tempo certo encontrarei a forma certa de fazer isso, e este será o meu conforto, aí então acredito que poderei olhar outra vez para minha mãe. Mãe obrigada obrigada obrigada pela vida, por tudo que foi, és e sempre será, te amo e te amarei eternamente. Deus te abençoe 🙏💖💜

      • Terezinha C. G. Maximo disse:

        Paulo, obrigada por sua mensagem, quando a li fiquei tão emocionada que nem consegui responder.
        Espero de verdade que você encontre a cada dia mais força para prosseguir nesta caminhada que não é fácil, assim como a nossa também não é.
        Gratidão imensa por você ter nos escrito e mais ainda por você está aqui e conseguindo refletir sobre tudo isso.
        Um grande e forte abraço.
        Terezinha e Joseval

    • Mari disse:

      Que lindo seu depoimento Paulo, muito obrigada, muito obrigada mesmo por você pensar em sua família e ter tido está consciência, agradeço a Deus por isso, por ter despertado está consciência em você. Continue firme, receba o meu amor e minha gratidão por você estar aqui, muito muito obrigada por não desistir 💖💜💖, amo sua vida, que Deus te abençoe mais e mais.

      • Paulo disse:

        Mari, espero que você volte para ver este comentário, mas obrigado de verdade pelas suas palavras, faz tempo que não fico feliz de verdade por ler algo que me deixe inspirado como suas palavras. Sinto muito pelo o que ocorreu com você, embora eu não tenha passado pela mesma coisa, como diria que estou no outro lado da questão, compreendo o quão marcante deve ser este sentimento, especialmente depois de ler diversos depoimentos de filhas, esposas, mães, entre outras, que perderam um ente, e cá estou eu, em certos momentos julgando que deveria ceder por não saber como lidar com o meu problema que, de longe, faz-me sentir um “ingrato” pelo fato de ser algo “superficial”, basicamente o fato de eu não saber o rumo que deveria dar para minha vida me traz um sentimento de angústia imenso, pois eu sempre tive a vontade de dar orgulho para os meus pais e para as pessoas próximas, e de fato o fiz por muito tempo por conta de um desempenho de excelência na vida acadêmica até o presente momento, onde não fui capaz de decidir o que fazer pós ensino médio e, embora eu não tenha uma pressão familiar muito grande sobre isso, dado a compreensão dos meus pais, eu me sobrecarrego com a sensação de frustração que eu mesmo gero, e em certos momentos eu me sinto tomado por um estado melancólico, que é onde costuma surgir os pensamentos de que eu deveria ceder e só acabar com isso. Eu julgo como um motivo superficial e derivado de um “baque”, já que o meu “eu” passado vivia em uma “bolha” narcisista por ter um desempenho acadêmico muito bom e, por conta disso, acabou sofrendo uma desilusão no momento que percebeu que, embora o desempenho no vestibular permitisse com que ele pudesse escolher uma gama ampla de cursos em boas universidades, o simples fato dele não saber o que quer e não se conhecer acabou gerando essa “quebra de expectativa”. Porém, embora todo o ônus psicológico da situação, eu me senti um pouco mais humanizado por essa experiência, especialmente por abandonar meu lado narcisista, e tive a oportunidade de compreender melhor esse mundo e, principalmente, entender o lado de quem fica para poder entender que, embora meu “sofrimento” pudesse ser aliviado pela morte, definitivamente eu traria um sofrimento permanente para os meus pais, traria um luto amoroso para a história de vida da minha namorada e, por consequência, nossos sonhos, especialmente os de viajar e de termos uma filha, morreriam comigo, e, definitivamente um dos pontos mais importantes, se eu tivesse desistido, não teria tido a oportunidade de ler o seu comentário, Mari, e de ter me sentido acolhido por alguém que, infelizmente, entender a dor que eu poderia causar. Enfim, desculpe pelo longo comentário, mas saiba que eu sou imensamente grato pelas suas palavras e saiba que você não precisa esperar muito tempo para poder ajudar pessoas que estão passando por problemas que as levam à perca de fé, você já me ajudou bastante com isto e tenho certeza que, se não sou o primeiro, não serei o único que sentirá carinho pelas suas palavras. Espero que Deus te abençoe e desejo que você continue igualmente firme e viva bem <3

        • Mari disse:

          Paulo você não sabe com quanta alegria e gratidão li o seu primeiro comentário, e também não pode imaginar quanta gratidão sinto agora com sua resposta. Honro sua vida com todo o meu amor e você não sabe, e tudo bem não saber, você não tem ideia do quantos és abençoado, és tão bem aventurado que pensa mais nos teus do que em você próprio, e não tenho nenhuma dúvida que isso não é uma mera obra do acaso, é atravéz desta tua bravura de coração que encontrarás as respostas e os caminhos para as vitórias que vc deseja, pois a maior vitória vc já conquistou e eu te sou mto grata por isso 🙏. Você salva um pouco a minha vida por estar aqui, assim como a da Terezinha e de todos que já passaram por isso, você está salvando a vida de sua família e eu te amo de todo meu coração por isso. Paulo deixe eu te falar o que a dor me ensinou, não existe nada de “sem importância” quando o assunto é dor, tudo bem você se sentir mal por não ter ainda se encontrado profissionalmente, está tudo bem em você se sentir assim. Se acolha com amor que você merece, você está aqui porque é um vencedor ainda que não tenha consciência disso. Todos estamos aqui evoluindo e passando nossas próprias batalhas, experenciando situações como essa que vc falou, outras mais intensas, que não esperamos, e aprendemos todos os dias, cada um no seu tempo. Quando os pensamentos que te sabotam invadirem sua mente, lembre-se de uma única verdade que temos até aqui, você é filho querido do amor e honra com sua vida sua família e seus ancestrais e só por isso você é vencedor. Peço que você procure por Beth Russo no YouTube, eu não tenho dúvidas que vc irá mudar toda a tua história, e voltará aqui para nós contar como você conseguiu tomar posse da pessoa que vc realmente é, você não é as vozes que te sabotam, a insegurança, o medo, isso é TD que vc não é. Você é um grande homem abundantemente abençoado, empático, e que pensa mais nos outros do que em si próprio, você é só amor, o resto é só observação errada do que vc não é. Você é um vencedor experenciando situações que foram necessárias para sua evolução. Eu envio a você muito amor, abençoo sua vida, e não tenho nenhuma dúvidas que o criador que existe em você realizará todos os teus sonhos e você será muito feliz, e um dia acredite em mim, você irá olhar pra trás e TD terá feito sentido, você irá entender pq passou por isso. Maratone a Beth Russo Paulo, você terá uma expansão de consciência maravilhosa. Amo sua vida, que o Divino Criador te encha ainda hoje de alegrias desmedidas!! 💜🙏🌻

  3. Mari disse:

    Terezinha gostaria de deixar aqui o meu amor e minha gratidão pelo blog, foi um dos primeiros lugares que pedi socorro qdo isso me aconteceu. Fico algum tempo sem entrar aqui, até pq tento me desconectar do assunto e mudar meus pensamentos, mas assim como não esqueço minha mãe, também não esqueço você, Marina e o que as aconteceu. Hoje fui lembrada pela cvv que hoje é o dia mundial dos sobreviventes. Desejo do fundo do meu coração que o Divino Criador encha sua vida e de sua família de alegrias desmedidas, assim como dos demais enlutados também. Receba o meu amor e minha gratidão. Muito obrigada, eu amo vocês 💜💖🌻.

    • Terezinha C. G. Maximo disse:

      Paulo, Marina estava em uma fase semelhante a que você descreve. Hoje eu percebo que a transição de adolescência para a fase adulta foi algo muito duro para ela, pois ela menina, cheia de planos se deparou com uma realidade muito diferente da qual ela imaginava que seria a sua vida depois do ensino médio, os sonhos de ser uma estudante universitária se dissipou como uma nuvem depois da chuva e ela não se conformava com muitas coisas, se cobrava muito e por mais que eu e o pai, em nossas conversas, falasse à ela que não havia necessidade de buscar por uma profissão ou algo definitivo aos 19 anos, ela achava que não estava suprindo as nossas e nem as expectativas de vida que ela havia traçado.
      Enfim, a história dela você já sabe o rumo que tomou e é devido a ela que você me conheceu e eu tomo a liberdade de te escrever o que aprendi nestes anos falando e escrevendo com pessoas com o mesmo perfil de minha filha.
      Procure conhecer o que te causa essa melancolia, o “sofrimento” talvez seja apenas um sintoma de algo mais profundo.
      Marina gostava muito de José Saramago e ele escreveu um conto chamado “Conto da Ilha desconhecida”, eu me identifiquei muito com esse conto, pois o autoconhecimento as vezes passa pela necessidade de se ver de fora e é muito difícil esse movimento, “Só vemos a ilha quando saímos dela”.
      Espero que você me escreva mais vezes para contar como está a sua caminhada.
      Deus te abençoe.
      Um grande e forte abraço.
      Terezinha

      • Paulo disse:

        Terezinha, lembro-me perfeitamente das suas descrições sobre a Marina no dia da palestra e, neste ponto de semelhança entre mim e ela, compreendo perfeitamente o estado de frustração interna que, por incrível que pareça, somos nós mesmos que geramos. Da mesma forma que você, meus pais não fazem cobranças sobre isso, é tudo advindo de mim mesmo e isto, infelizmente, é o pior tipo de cobrança e o que mais pesa, afinal, até que algo mude, você não deixará de se cobrar, de perceber o tempo passando dia pós dia, é algo bem complicado e que gera um peso psicológico imenso. Essa experiência, entretanto, faz-me tentar enxergar-me de fora, justamente como você comentou em referência ao conto (aliás agradeço muito a recomendação, irei ler com certeza),e isso me fez perceber muitas coisas, especialmente relacionado aos sentimentos de frustração, de inveja por todos aqueles que estão na posição que eu queria estar, especialmente aqueles que, durante o ensino médio, diziam querer estar na “posição” que eu estava em termos de desempenho e etc, além de eu adquirir uma compreensão melhor sobre o meu próprio ego e tudo isso, ainda que pelo mal, tornou-me mais humano, compreensivo, ensinou-me a não pensar estar em um “pedestal” acima dos demais, além de me ligar um pouco mais à espiritualidade, não no sentido de adotar religiões e seus dogmas, mas compreender minha existência a partir de uma perspectiva superior e, com isso, entender que, talvez, essa experiência tenha sido feita para que eu pudesse mudar. Enfim, agradeço muito pela oportunidade de desabafar e falar sobre isto tudo, afinal eu me afastei de muitas pessoas, mantendo contanto só com minha namorada e um amigo próximo, pois eu não me sentia bem em interagir com pessoas do antigo círculo de amizade pelo fato de ter ficado mal e, por conta disso, não tinha mais ninguém para conversar sobre além da minha namorada e desse amigo, embora com ela eu tenha parado por sentir que fazia ela de depósito emocional e ela se sentia mal por me ver nessa situação. Agradeço de verdade por isto, é diferente poder falar livremente com pessoas que, infelizmente, são capazes de compreender um pouco melhor. Definitivamente continuarei voltando e lendo o blog e os comentários e, um dia, terei o prazer de agradecer por este momento e dizer que, enfim, encontrei-me e isto tudo se tornou só uma experiência. Um grande abraço para você Terezinha, saiba, novamente, que você não acalenta somente aqueles que perderam alguém, mas também aqueles que estão, de alguma forma, perdidos, seu trabalho é muito importante.

  4. Terezinha C. G. Maximo disse:

    Oi Mari, que bom que você voltou.
    Mas você está certa, respeite seus sentimentos, faça o que te faz bem e isso é muito importante para sua saúde emocional, estamos juntas na mesma dor e conectadas pelo amor, mas cada uma na sua forma de sentir e extravasar e sempre falo e escrevo sobre isso, “nem sempre o que é bom para mim é bom para o outro”.
    Um grande e forte abraço.

    • Mari disse:

      Com certeza querida Terezinha, admiro sua resiliência e força. Te envio o meu amor e mais uma vez minha gratidão, a dor nos uniu mas um dia está dor irá passar e estaremos todos juntos no amor, eu, você, Marina minha Mãe, todos somos um.
      Uma das grandes certezas que está experiência me trouxe é que a morte é uma grande ilusão. Beijos no coração 💜
      Mãe Maria das Graças abençoada, Marina abençoada, vocês são luzes, muita gratidão pelo tempo que estiveram aqui conosco, que o Divino Criador as cubra agora e sempre com mto amor. Sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grata. 💜🙏💜🌻

  5. Andreia disse:

    Fiquei emocionada com todos aqui. Teresinha que bom te encontrar. Tô cansada de me pedirem para ser forte. Não temos que ser. Perdemos quem mais amávamos. Eu jamais terei idéia do que é perder um filho. Por isso nunca me casei. Jamais iria aguentar essa perda. Você é forte e Deus permitiu você ter o presente da sua filha. Cada um tem uma missão. A morte da minha irmã foi dilacerante pois ela era uma mescla de amiga, alma gêmea, mãe e filha. Meu porto seguro. Só que aprendi a dimensão do amor, infelizmente, depois que ela morreu. Complicações da diabetes, infecção e depois contraiu covid no hospital. Teve dias que queria ir embora para ficar com ela. Este é o tamanho da nossa dor que nos acompanhará até o último dia aqui na Terra. A dor do luto é do tamanho do amor. Mas não poderia jamais ser tão pequena em deixar meus pais idosos que precisam de mim.
    Não superamos, nem temos que sermos fortes. Mas o amor de quem se foi nos impele a honrar o que eles vieram a nos ensinar e seremos sempre gratos. A vida agora está sem sentido pra mim. Minha irmã era minha âncora. Eu trabalhava em um navio e agora deixei tudo pra cuidar dos meus pais. Estou de luto pela minha irmã e pelo estilo de vida que tinha. Paulo, Mari, minha irmã era frustrada, por não ter sucedido, cuidou do marido alcólatra até o fim e nunca desistiu. E o stress a levou à diabete. Com tudo que ela sofreu, sempre era vaidosa e alegre. Me dizia para não me preocupar com o futuro. Ela tinha razão. Fiquei com tanto medo que eu teria que cuidar dela no futuro devido a diabete que deixei de viver o presente ao lado dela. Hoje me arrependo de tudo que não fiz e o que poderia ter feito. Muito tarde agora. Vou viver com esse peso. Só temos o presente. Quem sabe do amanhã? Não deixe a pressão da sociedade te puxar para baixo; dinheiro e status não é tudo. Se tiver ótimo. Mas o melhor é estar bem contigo. Não desista. A vida tem surpresas sim e seja teimoso pra ver o que te reserva. Todos vamos morrer de qualquer forma. Então, ter medo de quê? O que os outros pensam não define o que você é. Jamais permita isso. No hospital ela disse, que tinha medo de me deixar. Por essa coragem que ela tinha e essa alegria que foi minada com os anos e que sigo.
    Teresinha que sua luz continue te iluminando e com certeza ela é reflexo das estrela que você ama que brilha do alto até você.
    E como minha irmã dizia “Alegria, alegria.” Sigamos pois por mais que o céu tem nuvens de tempestade, acima delas o céu sempre continua pleno e azul.

    • Terezinha C. G. Maximo disse:

      Andreia, sinto muito por sua perda.
      Seu texto me emocionou muito, obrigada por ele.
      Um grande e forte abraço.

  6. Flaviane disse:

    Olá Terezinha!
    Linda reflexão…
    Lia o livro aos meus alunos quando finalizava o tema sobre astronomia, por falar de um astreróide, mas também pq em sua simplicidade nos ensina valores de forma bem sútil. Perdi as contas de quantas vezes li… E a cada leitura era uma nova descoberta, sou bastante emotiva e todas as vezes ao final do livro sentia aquele nó na garganta, os olhos marejavam, bebia uma água, via alguns alunos sensíveis com lágrimas nos olhos também, após fazíamos uma reflexão, alguns desenhavam, tenho até hoje alguns desses guardados… Lembro até hoje de críticas dos colegas, por acharem um livro bobo. Enfim, sempre fez muito sentido para mim e hoje faz ainda mais.

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