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Essa tal felicidade - Nomoblidis - Posvenção do Suicídio

Essa tal felicidade

Uma vez meu filho mais velho me perguntou se eu já havia parado para pensar que o meu tipo de felicidade poderia ser diferente do tipo de felicidade a qual ele entendia ser. Pois eu um dia apenas disse a ele que queria que ele fosse feliz.

Toda mãe, creio eu, quer a felicidade dos filhos mas qual seria essa tal felicidade?

Se para mim, felicidade consistia em ter uma família, um trabalho do qual  eu pudesse ter o meu sustento e poder criar meus filhos com dignidade, acreditava que para meus filhos isso faria sentido também.

Por causa dessa conversa, mudei meu modo de ver as coisas e passei a não ser tão controladora e achar que poderia ser provedora de tudo, inclusive da felicidade alheia e acreditar que felicidade sempre viria de alguém ou de coisas era algo que só fazia mais mal do que bem.

Por  vezes me prendia tanto a certas convenções sociais, buscando tanto a tal felicidade, almejando tanto ser feliz um dia, que esquecia do presente, de viver o momento e só me dando conta o quanto era feliz quando perdi algo que era importante e me fazia ser feliz.

Mas a felicidade é de dentro para fora e não o contrário, são pequenas coisas, para mim eram pequenos ganhos, pequenas conquistas, pequenos desejos realizados, encontros, um abraço sincero, uma conversa com quem gostamos de estar, ter saúde.

Era sentir cheiro de café sendo feito, de sentar e apreciar cada gole, de sentir o vento no rosto, de olhar as plantas, de ouvir os pingos da chuva, de poder cozinhar uma comida gostosa, de dar risada das inocências da vida, de ouvir uma boa música. 

Quando a minha filha faleceu, pensei que jamais seria feliz de novo, com o tempo passei a entender que não teria o mesmo tipo de felicidade que experimentei um dia, mas que poderia experimentar novas formas de felicidade e que posso me permitir fazer algo novo.

Eu nunca mais serei inteira, isso é fato, mas isso não me impede de perceber pequenas alegrias, pequenos passos, como a de conseguir aprender uma coisa nova, jogar uma partida de Catan, War ou Uno, ajudar alguém a resolver um problema, ouvir e ser ouvida, são coisas que vão compondo algo maior, que me ajudam a seguir adiante e é o que dá sentido a minha vida hoje.

Ser feliz não é um status e sim um bem estar passageiro. Não há felicidade o tempo todo, assim como não há tristeza eterna.

A saudade é uma companhia, a tristeza me visita constantemente, ela sempre estará presente, fico triste pela falta da minha filha mas não estou permitindo que a tristeza faça morada na minha vida.

Talvez algumas pessoas me entenderão e outras não verão sentido nestas palavras e tudo bem, talvez essa tal felicidade seja isso, não agradar a todos a todo momento.

Ps. Este texto foi escrito em novembro de 2019 e resolvi publicá-lo agora pois assisti o filme Soul da Pixar, que fala um pouco sobre isso do sentido a vida.

5 Comments

  1. Renata disse:

    Para mim também é desse mesmo jeito. Mas eu sou muito feliz independente de tudo. Considero que estou muito bem depois da perda do meu pai por suicídio em março de 2019. Fiquei destruída. Naquela tarde fatídica de domingo, tomei meu pai já desfalecido em meus braços, então ele se foi para nunca mais voltar, junto com todas as respostas, me deixando com uma tristeza profunda, cheia de dúvidas, culpa, julgamentos…e me deixando aquela triste imagem na cabeça também. Foram uns 6 meses chorando bastante, tristeza profunda, mas em 1 ano estava melhor. Agora estou conseguindo lidar bem melhor, já posso ver fotos dele, e principalmente, a minha raiva passou. Estou conseguindo entender que é um processo multifatorial, cheio de questões psíquicas envolvidas. Ninguém tem culpa. Nos resta lembrar os bons momentos .

  2. Chris disse:

    Você está certa quando diz que nunca será inteira novamente, é como diz o Djavan na música :- “E o coração de quem ama
    Fica faltando um pedaço”. .. Apesar de cientes do fato que sempre estaremos incompletas, nos adaptamos e aos poucos vamos redescobrindo pequenos prazeres. Tenho a impressão de que inclusive descobrimos de quem é a culpa realmente e temos resposta a pelo menos um dos por quê.
    A CULPA é da doença, e um das respostas é a incapacidade de alimentar esperança e perceber uma mínima luz no fim do túnel que esta doença traz.
    Muitas vezes me pego pensando que não foram eles realmente que tiraram a própria vida , foi a depressão , foi a doença O doente perde a capacidade de ser racional, de pesar prós e contras, de analisar os fatos, as causas e consequências dos seus sentimentos e atos. Acredito que não foi por falta de estrutura familiar, de uma religião, da perda de um amor, do emprego, da casa, ou mesmo de várias coisas somadas. Todos os dias conversamos com pessoas que tiveram perdas e decepções enormes, que não tem parentes nem amigos com quem contar e ainda assim após um tempo de tristeza dão a volta por cima e seguem. A depressão é uma doença muito debilitante, que impede a pessoa de perceber tudo que ela tem de bom na vida, as pessoas que as amam e que ela ama também. Tudo se torna tão difícil, cansativo, sem sentido, fica difícil ser otimista, um dia melhor parece uma realidade muito distante. Acredito que a doença os matou e não eles mesmo. Foram vitimas desta doença cruel. Mas o mais importante é que certamente todos foram recebidos e acolhidos por Deus e seus benfeitores. Como dizia São João Maria Vianney ” Entre a eternidade e o último suspiro paira um abismo de misericórdia” Um dia, que pode ser num futuro breve ou distante estaremos juntos novamente.

    • Terezinha C. G. Maximo disse:

      Exatamente, a depressão não deixa quem sofre com ela, ver uma saída e somada a alguns outros fazem com que a pessoa perca de vez a esperança de que posso mudar a situação.
      Suicídio é muito complexo e não tem uma única resposta, por isso esse emaranhado de sentimentos assolam quem perde alguém desa forma.

  3. Amora disse:

    Ainda me pergunto, um ano e quatro meses depois de minha filha de 12 anos decidir partir, se voltarei a ser feliz . Me conforta suas palavras …

  4. karla cristine magalhães disse:

    Eu vejo a depressão como um câncer da alma e o suicídio seu estagio terminal uma doença cruel e avassaladora na terapia me foi dito que eu precisava respeitar a decisão de Armando diante da dor e do sofrimento dele como uma espécie de eutanásia e com isso ficava imaginando a grandiosidade desse sofrimento e o tempo que ele o suportou e assimilar isso me causa uma dor imensa,uma sensação de impotência,por ele nao me pedir ajuda e não me falar sobre seus sentimentos,só me disse que tinha dificuldades pra dormir nada demais segundo ele é muito triste vc ver partir o grande amor da sua vida e vc não poder fazer nada,muito cruel!!!

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