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Água Turva | Nomoblidis | Posvenção de Suicídio
Água turva
26/02/2019
Algumas constatações sobre o Luto por Suicídio | Nomoblidis | Posvenção de Suicídio
Algumas constatações sobre o Luto por Suicídio
18/03/2019
Água Turva | Nomoblidis | Posvenção de Suicídio
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Algumas constatações sobre o Luto por Suicídio | Nomoblidis | Posvenção de Suicídio
Algumas constatações sobre o Luto por Suicídio
18/03/2019
a dor | Nomoblidis | Posvenção de Suicídio

A dor

Só sabe da dor quem a sente, não há dor maior ou menor, há dor e isso é fato, posso aqui explicar, mas ninguém vai entender a não ser quem passa pelo mesmo.

Já escrevi algumas vezes sobre a dor do luto, dor inclusive, que não consegui até hoje nomear,  da dor de se perder alguém que amamos e pior ainda por suicídio.

Para a dor física existem vários remédios, mas para a dor do luto, aquela que corrói a alma, uma dor que aperta o peito e dá a impressão de que o seu coração é arrancado todos os dias, não há remédio possível a não ser aprender a lidar com ela e esta é  uma tarefa muito difícil.

Filósofos, romancistas falam da dor como algo divino, dominar a dor é um ato de sabedoria, enobrecedor. Eu acredito que ninguém queira sentir essa dor, mas sofrimento faz parte da vida, assim como a  morte também faz e uma das primeiras constatações que tive em meu luto foi que fugir dela é pior, fingir que ela não existe pode até trazer benefício a curto prazo, mas a longo prazo pode ser algo devastador.

Entendi que a expressão de dor compartilhada não é da forma como dizem por aí, não é qualquer pessoa que está disposta ou tem preparo a ouvir sobre a dor do outro, há muitos julgamentos e comparações, a incompreensão dos outros pode ser pior para quem sofre.

Quando eu me deparo com alguém que passou pelo mesmo, sinto que não sou a única, que não estou sozinha, posso compreender os sentimentos dela e compartilhar os meus,  mas dizer que quero sofrer, seria uma grande hipocrisia.

Voluntários que dão a escuta, pessoas que tem como profissão cuidar da dor do outro, podem até se compadecer, ter empatia, ter na teoria uma explicação, mas não vão desejar sentir dor e dizer que dá para saber como é, eles podem imaginar, mas sentir é algo subjetivo.

Assim que me deram a notícia da morte da Marina, eu fiquei preocupadíssima em como falar para minha a mãe, pois para mim, ela é uma das pessoas que mais amo na vida e que com certeza era a pessoa que a Marina mais amava também, então saber que ela sofreria, me fazia sofrer em dobro e só eu sei do esforço que faço para segurar a barra de não demonstrar meu sofrimento para ela em algumas ocasiões. Acredito que era isso que a Marina fazia, escondia sua dor.

Depois da morte da minha filha, pessoas que diziam que eu podia contar com elas quando precisasse, se afastaram de mim e eu sem entender busquei na terapia o refúgio e entendimento, compreendi que o problema não era comigo e sim com eles, eles não aguentavam ver minha dor que automaticamente o faziam também sofrer, não conseguiam se ver em meu lugar, então fugiam de mim, fugiam de ter que imaginar a minha dor, então ninguém quer saber da dor do outro, só quer saber da sua e quando é que irá acabar todo o sofrimento.

Tanto que muitos colocam data para o término do luto, contam o tempo e acreditam que existe prazo de validade para a tristeza, alguns até falam de superação, como se fosse algo simples e fácil, como fosse possível superar a morte de um filho.

Eu, falo de mim e das lições que esse luto vem me trazendo, quando sou procurada por alguém que perdeu um ente querido por suicídio, o que mais ouço é “ninguém entende os meus sentimentos, as pessoas se afastaram de mim” ou me fazem a pergunta, “quando é que essa dor irá passar?”

Há quem diga que a dor é eterna, eu penso que ela pode até ser eterna, acredito vou aprendendo a viver com ela para poder conseguir continuar a sobreviver. Mas não me agarro a ela, não quero que ela se fixe como uma raiz não me permitindo sair do lugar, doer vai doer sempre, uns dias mais uns dias menos, mas não posso permitir que ela me domine e isso não é fácil.

Tanto que muitos enlutados não suportando e não sabendo lidar com ela  recorrem ao uso exagerado de drogas lícitas e as vezes ilícitas para anestesiar e fugir e ter que encarar a dura realidade, o que não é de forma alguma aconselhável.

Mas muitas pessoas acham  formas de amenizar  a dor, algumas na religião, outras encontram em atividades voluntárias, terapias com psicólogos ou terapias alternativas, reike, florais, meditação, outras utilizam as atividades físicas, ou mesmo mesclando tudo e assim cada um vai encontrando o seu caminho, resignificando sua vida  e direcionando a energia que se gasta para conter a dor em algo que os ajude.

Mas o que pode dar certo para mim, nem sempre dará para o outro, pois somos únicos e cada um tem a sua vivência e tiveram suas experiências ao longo da vida e isso pode ajudar ou atrapalhar no processo do luto. Eu escrevo e falo, encontrei uma forma de extravasar, dou a minha escuta e sou ouvida também, eu ajudo pois preciso de ajuda e isso não me faz um ser humano fora do comum me faz simplesmente, um humano.

9 Comments

  1. Ligia Mastrangelo disse:

    @terezinhac.g.maximo estamos (infelizmente) juntas nessa dor. Perder um filho já é uma tragédia, mas perder uma filha para o suicídio é algo inominável. Todo o dia, toda hora, todo momento, sempre lembrando deles. Com eisos, as vezes, mas sempre com muita dor e saudades.
    Julia me faz muita falta. Em coisas simples e em coisas fundamentais. Sorrir, fazer uma conexão nova com algum aparelho eletrônico. Coisas normais. Mas eu não deixo de tentar viver, a cada dia e a cada momento. Ela contava com isso. E decepcionar ela nunca esteve nos meus planos.
    #juliamastrangelomeuamor
    #vamosfalardesuicidiosim
    Ela era inspiração.
    ❤️🏳️‍🌈🌻

  2. Otaviio disse:

    Abraços a vcs com muita força 💕

  3. Solange Paschoal disse:

    Eu sei bem, muito bem o que é essa dor. Porque você devolver seu filho por uma doença ou um acidente já é muito triste, agora, devolver seu filho por suicídio… Ah… dói mais… É dor diferente… Que só quem passa por isso sabe. Meu filho nasceu no dia 08/03/1988 e faleceu no dia 28/03/2016. Este mês seria de festa, como um presente do dia da mulher, mas também o mês da maior dor que uma mulher possa sentir. Eu sei bem o que é isso.

  4. Renata disse:

    Dor não se mede ,Dor se ampara, Dor se respeita e aprendemos muito com a Dor mas queremos é aprender com o Amor. Ela faz vc vc ser arremesada desta matrix de sociedade de Doriana. Ouvimos muito vezes conselhos pra não chorar que meu irmão vai sentir a minha dor mas acredito que ele não iria querer ver eu repetindo o mesmo erro me mascarando. As vezes usar anestesia pra continuar a viver e sorrir é bom…. o ruim quando ela passa e voltamos a lembrar da bosta que aconteceu. … Saudades do meu irmão será eterna. …as vezes penso se tudo isso vai amenizar. ..Bom… se estou viva … preciso viver e seguir com esta dor que desconhecia e que hoje anda do meu lado e estou aprendendo a lidar a cada dia. …religião nos alivia quando pensamos que a vida dele não parou por aí. … por que mesmo que eu sinto minha fé abalada uma coisa eu penso que seria muito injusto a existência do meu irmão acabar por aqui e viver na esperança de um dia nos encontrar … Te amo Fábio!

  5. Mary disse:

    Contei a minha história aqui e infelizmente ela não foi publicada.

  6. Maria Regina de Souza Barbosa disse:

    Realmente, só quem passou por uma dor como essa, sabe medir uma dor tão grande, se é possível medir. É como se amputassemos um membro de nosso corpo e sangrasse sem parar. Dói, dói muito.

  7. Suzana disse:

    Eu perdi meu irmão querido no dia 17/04/2019 aos 26 anos. Uma pessoa boa, de um coração puro, de uma Fé enorme em Deus. Hoje faz 25 dias que nos deixou… essa dor é imensurável, dói a alma e rasga o coração…. choro muitas vezes pois lembro tudo o que ele sofreu com a depressão…ficou extremamente debilitado, chegando a não ter forças de caminhar…ele rezava muito, 3 a 4 terços por dia, acho que quando tinha pensamentos ruins ele rezava pra tentar tirar a dor… chegamos interná-lo, ficou 60 dias, quando saiu do hospital bastante adoecido…nossa família acreditava na recuperação, mas, infelizmente, no dia seguinte ele cometeu suicídio….é muito triste, porque você nunca acredita que vai se consumar…pensar na pessoa maravilhosa, só fazia o bem…o que me consola é pensar e ele sábia que era muito amado por toda famílias e comunidade… sempre falei que o amava, que ele era muito importante na minha vida…Hoje ele é um anjo no céu. Te amo Maicon !

    • Terezinha C. G. Maximo disse:

      Suzana, sinto muito pela sua perda. Esse emaranhado de sentimentos que ficam quando quem amamos sofre tanto a ponto de não aguentar mais a carga pesada da vida.
      As vezs acho que a Marina descansou, mas logo em seguida acho que se ela tivesse aguentado mais um pouco, as coisa poderiam ter se ajeitando, a medicação faria o efeito desejado e ela estaria aqui.
      É tudo muito complicado, agora nos resta buscar forças para continuar com a nossa vida da forma que dá, nos apegando na fé, nos apegando em quem ficou e principalmente em nos mesmos.
      Um grande e forte abraço.

    • ANDREIA disse:

      Sinto pela sua dor meu pai ficou 15 dias internado estava doente tinha doença de Chagas teve alta achamos que ele estava melhor mas não sabíamos o que ele sentia por dentro saiu num domingo na terça foi na cidade pagou as contas fui visitar ele a noite estava bem e na madrugada ele se enforcou até então achei que era morte natural então minha mãe me disse que ele tinha se enforcado meu chão abriu vai fazer 7 anos tão triste ver tantas pessoas se afundado por está depressão.

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