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Pandemia e o luto coletivo | Posvenção e prevenção do Suicídio

Pandemia e o luto coletivo

Muitos ainda não perceberam, mas devido a pandemia estamos passando por um luto coletivo. Pois luto não é só quando se trata de morte, mas sim de perdas significativas.

E cada um de nós perdeu nesta época de pandemia algo, pois o mundo que conhecíamos não existe mais e de forma abrupta foi tirado de nós uma vida que conhecíamos e agora precisamos nos adaptar a uma nova realidade. 

Conforme os especialistas, a intensidade do luto está ligado ao vínculo com o que se foi,  e quanto maior o vínculo maior é a dificuldade de elaboração e aceitação da perda. E também a forma como se deu a ruptura que deixa marcas profundas. 

Muitos ainda estão perdidos neste novo cenário que se desenhou, tinham um vínculo profundo com o mundo anterior e ter de uma hora para outra que mudar de planos, não está sendo nada fácil. Não deu tempo para planejar. 

E estão em busca por culpados, em busca de meios de contornar as situações, em busca meios de convencer os outros que vai ficar tudo bem e por vezes ficam raivosos por não serem entendidos e atendidos. 

Estão em busca de fórmulas mágicas, remédios milagrosos que irá devolver a normalidade em questão de dias, basta acreditar, tendo fé em Deus e na ciência. 

E dentro de qualquer processo do luto há a necessidade de um introspecção e muitas pessoas por terem medo de acessar sentimentos, por não permitirem sentir a dor da perda, por medo e de não aceitam a tristeza, não aceitam que esses sentimentos fazem parte da vida e se negam a cuidar do processo.

E para driblar esses sentimentos, buscam fora ou no outro a anestesia para a sua falta de capacidade de enfrentar a realidade, ficam se ocupando o tempo todo e agora que foi preciso desacelerar e ficar em casa, não sabem o que fazer, buscam desesperadamente por saídas, mesmo que essas saídas venham a prejudicar elas próprias e outras pessoas. 

Aceitar que novas formas de conexão estão sendo feitas, novas formas de negócios, novos meios de educar, novas formas de se relacionar estão sendo colocadas mais em prática, pois muitas já existiam, só precisaram ser mais abrangentes, para alguns está sendo um um desafio, muitos ainda relutam em aceitar que o virtual é o novo normal.

Passamos a ver a vida pela janela, pelo monitor do computador, por telas de smartphones e começamos a dar mais valor a tudo que estava alí direto, mas não tínhamos tempo para admirar, um por do sol com explosão de cores, o céu azul, o verde das árvores, ouvir o canto dos pássaros.

Ficamos impacientes com os outros, até para quem já gostava de ficar em casa, ao ter consciência que é perigoso sair, deixou os nervos a flor da pela e para aqueles que não eram caseiros, a situação ficou bem mais complicada.

Para muitos ficar mais perto dos familiares, os pais dos  filhos, os filhos de seus pais, nem sempre foi uma tarefa fácil, pois antes ficavam pouco em casa, só se encontravam em momentos felizes, nos finais de semana, nas férias e nunca em casa e sempre com mais pessoas ao redor. E agora que são obrigados a conviver, atritos estão bem frequentes, afinal cada ser é único e estão todos tentando lidar com o seu luto, mesmo sem saber o que isso significa. 

Em compensação, há os que estão se conhecendo melhor, tendo tempo para fazer coisas que nunca haviam feito antes, tendo tempo para avaliar o que é válido e o que não é. 

Há ainda os que sempre viveram em desarmonia e que agora com a situação onde todos estão com os nervos a flor da pele, a situação só se agravou e vivem em um verdadeiro inferno, onde ninguém se entende. 

Outros precisando se afastar de quem amam, ficar longe dos pais idosos e de amigos queridos, deixar de exercer certas atividades que os ajudavam a passar o tempo e que os faziam se sentirem úteis para a sociedade. 

Nem os cultos religiosos estão sendo permitidos com a presença das pessoas, as religiões estão tendo que se adaptar, vídeos de cultos, missas e tudo mais está sendo uma das únicas formas de dar continuidade aos ritos para dar conforto a quem precisa. 

E as mortes concretas e as vidas que se vão todos os dias aqui em nosso país, parece que não comovem tanto como comoviam quando elas aconteciam na Ásia e na Europa, deve ser devido a negação de que isso poderia acontecer tão próximo e tão rápido, hoje enquanto escrevia este textos, passamos de mais de 1000 mortes notificadas em 24hs.

Quem não perdeu alguém e que não se vê ameaçado pela doença, está mais preocupado em negar o seu próprio luto, ter que lidar com a perda da liberdade, da perda do trabalho que terá que se adequar ou mudar de profissão, com a perda do padrão de vida não o deixa olhar para o lado.

Muitos passando por dificuldades financeiras e não tendo nem como colocar o pão na mesa, não tem tempo para pensar em luto estão mais focados em sobreviver e não estão dando conta da sua própria dor quem dirá dar conta da dor do outro.  

E os que além de tudo isso, passam pela dura perda de entes queridos, seja pelo vírus, ou por qualquer outra causa e vivem um luto sobre luto e muitos não tendo nem a possibilidade de se despedir de seus amados, pois até isso, essa nova realidade impôs mudanças.

Mas há, mesmo na dura dor do luto, pessoas que encontram forças para ajudar os outros, há muitas campanhas para socorrer famílias desassistidas, seja no amparo material, seja no espiritual e no psicológico.

O mundo que conhecíamos não existe mais e estamos todos em luto e no processo do luto cada um tem seu tempo, cada um tem sua forma de vivenciá-lo e cada um achará seu meio de adequação à nova vida sem o que lhe era caro.

E o impacto e marcas psicológicas que esse luto deixará na sociedade ainda é uma incógnita, mas espera se que o processo seja encarado e não anestesiado.

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