Final de ano chegando, festas e mais festas e eu sem a menor vontade de festejar nada.  Já combinei com Joseval que seguiremos nossa agenda anual, dia 24 cairá em uma segunda e não faremos ceia e nem participaremos de nenhuma, assim como o ano passado. No dia 25 seguiremos o roteiro de jogar War com o Edgard e jantar torta de palmito e quiche de legumes e de sobremesa torta de maçã, talvez mude a sobremesa, mas por enquanto segue o combinado, e na virada do ano também.

No ano passado, o primeiro Natal e Ano Novo sem a Marina, foi difícil, mas com ajuda da família, passei sem muitos atropelos. Este ano não sei o que me  espera, mas também não espero muito.

Joseval já disse que por ele, iria para uma montanha ficar sozinho, sem ver nem ouvir nada que lembrasse desta época. Eu não penso assim, penso que tenho que enfrentar do meu jeito todos os dias que me forem impostos. E datas comemorativas são justamente estes os dias mais difíceis.

Eu doei todos os enfeites de Natal, doei a árvore, laços, guirlandas, tudo, não fiquei com nenhuma bolinha. Quero apenas lembrar do Natal como o dia do Nascimento do Cristo, fazer minhas orações e só. Um dia quem sabe volte a ter ânimo para celebrar esta data, mas por enquanto, não farei isso.

Kit Esperança

No ano passado, no último encontro do Grupo de Apoio aos Sobreviventes Enlutados pelo Suicídio Vita Alere da Vila Mariana, as Psicólogas Elis e Luciana, fizeram um saquinho com um kit de sobrevivência com alguns itens peculiares e com os seus respectivos significados para nos ajudar a passar pelos dias de festas, achei muito bacana e este ano resolvi fazer o mesmo.

Dei uma remodelada, mas o intuito é o mesmo, lembrar que por mais difícil que os dias sejam, há sempre uma esperança de que consigamos passar por eles sem muito sofrimento.  Alguns objetos e seus significados podem nos levar a refletir sobre como conduzir nossa jornada.

Escolhi objetos como, elástico, borracha, lápis, clips, saquinho de chá, bombom, lenço de papel, algodão e banda-id. Cada um representa um  sentimento. Amor, Perdão, Esperança, Empatia, Sabedoria, Carinho, Acolhimento, Solidariedade e Fé. 

Sentimentos que me acompanharam durante estes meses que seguiram a morte da Marina e principalmente neste ano de 2018 que decidi fazer algumas ações, além de escrever resolvi falar abertamente sobre suicídio, montar grupo de apoio e descobri que isto tem me ajudado muito.

Sentimentos que desejo à todas as pessoas mas principalmente aos enlutados, que não se esqueçam que houve sempre Amor em todas as nossas ações, que nossos entes queridos  foram amados e que continuam a emanar Amor mesmo sem a presença física e esse Amor nos impulsiona para frente.

Que o Perdão possa surgir, principalmente o auto perdão e o perdão a quem se foi, para podermos seguir nossas vidas. Que a Esperança esteja em todos os nossos dias, que a Empatia também nos acompanhe, não só em ter quem nos compreenda, mas que possamos agir com empatia sempre.

Que a sabedoria prevaleça nos mostrando como agir de forma sensata e o mais honesta conosco e com os outros. Carinho doado e recebido dobra a nossa capacidade de perceber que com ele vem o Acolhimento e a Solidariedade, e com tudo isso, que nunca percamos nossa Fé. Fé em Deus, Fé na Humanidade.

E que esses sentimentos em doses diárias possam nos ajudam a levantar da cama todos os dias e que apesar de toda a dor que sentimos, possamos aprender a conviver com ela a fim de que ela não nos destrua, mas que construa em nós uma morada de Paz.