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a porto do quarto Nomoblidis

A porta do quarto, o luto precisa ser vivenciado.

Encarar a realidade depois de se perder alguém que você ama é muito difícil a situação fica mais complicada se for um filho e pior ainda se a causa da morte for suicídio. O sofrimento é enorme e se intensifica só de se imaginar que poderia ter sido impedido, várias dúvidas do porquê e se houve culpa.

Eu tinha certeza de que a fase mais difícil de todas seria ter que voltar para casa saber que dali para frente eu  teria que viver sem a presença da Marina.

E eu procurei por alguns artifícios para tentar aliviar esse processo de luto. Ocupar a cabeça e tentar levar a vida de uma forma semelhante a antes.

Os primeiros dias que se seguiram após o ocorrido, a casa ficou cheia de gente e de certa forma me distraía, lembrava, falava no assunto, mas parecia que a ficha não havia caído por completo.

Depois, eu me vi sozinha e tudo passou a ser mais complicado, eu não tinha fome, não tinha sono, não dava vontade de fazer nada e fiquei com medo de ficar doente e acabar com depressão, mas também não queria tomar nenhum medicamento que alterasse meu humor, só se fosse realmente necessário. Afinal de contas, luto não é doença.  

Recorri aos chás naturais. Ia me deitar cedo, rezava pedindo à Deus sabedoria para poder continuar com minha vida e ficava assistindo séries até não aguentar mais e dormir, mas acordava no meio da madrugada achando que tudo não passava de pesadelo e quando  retomava a consciência de que não era, batia o desespero.

Pela manhã, fazia um esforço danado para levantar, chorava no chuveiro e quando saia do meu quarto dava de cara com a porta do quarto que era dela aberta.

Nós tínhamos um combinado, em nossa casa quando a porta do quarto estivesse fechada era sinal de que estávamos lá e era preciso permissão para entrar. E quando me deparava todas as manhãs com a porta aberta e o quarto vazio, a dor me cortava por dentro.

Então eu entrava no quarto, ficava olhando todas as coisa que alí um dia foram dela, respirava fundo, pedia à Deus força para encarar mais um dia, saia e seguia pelo corredor para ir trabalhar.

Percebendo que isso me maltratava, resolvi deixar a porta do quarto fechada, na intenção de me enganar e de não sofrer tanto.

Que ilusão, aí percebi  que não dava para viver assim, uma hora ou outra eu teria que encarar  a realidade. O luto precisa ser vivenciado e que eu iria ficar triste por muito tempo e que era normal afinal eu havia perdido uma das pessoas mais importantes da minha vida,  um pedaço de mim foi arrancado e eu precisava me permitir chorar, gritar, ficar sem ânimo, pois eu sou humana e não um pedaço de pedra.

E descobri que quanto mais rápido eu encarasse a realidade, eu iria me conformar e aceitar melhor a situação. E o tempo foi passando e se encarregando de me mostrar que o quarto permaneceria vazio e que mesmo a porta do quarto fechada eu  não me iludiria mais, depois deste dia, a  porta do quarto está sempre aberta. 

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