O luto pelo filho único
22/02/2022O luto, vulnerabilidade e a fé
20/03/20225 anos de muita saudade
Hoje completa 5 anos da morte da minha filha e me recordo perfeitamente que ao receber a notícia da morte, eu disse que não conseguia me imaginar sem ela, sem ouvir sua gargalhada, seus passos, sua voz em nossa casa e principalmente sem os seus abraços.
Tudo faz falta, até o mau humor e as reclamações.
E durante estes 1826 dias, que acordo e vou dormir pensando nela, contabilizado a cada manhã que será mais um dia que ela não está aqui e ao fim dele, menos um dia sem a sua presença física.
Consigo ser grata pela sua vida, pelo tempo que ela esteve presente me ensinando tanta coisa, mas não consigo ser grata pela sua ausência e não tem quem me faça pensar o contrário, não consigo ver nada de belo na morte de um filho, nada de benéfico, nada de poético.
A morte da Marina não me fez ficar mais dócil ou mais humanizada, mas me fez enxergar que dor do luto está por todos os lados e me fez ver o outro de um jeito diferente.
São 5 anos de muito aprendizado, de reconstrução e recomeço, mas não há nada de fácil neste processo.
Durante esses 5 anos, ouvi muitas histórias semelhantes a minha, conheci centenas de pessoas vivenciando esse luto tão difícil de elaborar, tantas pessoas que buscam na partilha de suas dores um abraço, mesmo que virtual, uma palavra de aconchego, um olhar gentil, um acolhimento e uma escuta.
Também escutei que o caminho que resolvi trilhar talvez não fosse o melhor, mas parafraseando Paulo Freire, “O caminho se faz caminhando” e o caminho do luto é em terrenos difíceis de andar, não há melhor ou pior caminho, há o caminho e a cada passo que dei e dou, conto como uma conquista, olhando para trás, nunca imaginei chegar até aqui e agradeço a todos que me ajudaram neste percurso.
São 5 anos de uma caminhada árdua, de cansaço, de tristeza, de muita saudade que só aumenta e que tento equilibrar com o amor que ficou, amor que não posso dar diretamente a ela, mas que posso distribuir de outras formas e é este amor que me nutre, me fortalece e me faz sentir que enquanto eu estiver viva, ela viverá em mim.
9 Comments
Terezinha vc é uma guerreira, tem 1 ano e meio q Perdi Gabriel pelo suicídio e me sinto paralisada, gostaria de fazer tantas coisas como vc, mas uma coisa eu já voltei a fazer q foi estudar para realizar um sonho. Tenho alguns projetos em mente, mas sinto que estou procrastinando. São dias é noites tenebrosas. Ajuda temos que procurar, as vx n do jeito que queremos ou esperamos e vejo muitas pessoas despreparadas e n sabem oferecer essa ajuda. Mas obrigada por vc compartilhar sua força e caminhada, e assim ajudar muitos que precisam e que passam por essa dor terrível. Gratidão
Adriana, que bom que está dando passos, que por mais que você considere serem pequenos, na verdade são verdadeiros saltos a distância, pois não é fácil passar pelo que passamos e ainda assim juntar energias para fazer algo além de ver os dias passando.
Espero de coração que consiga realizar seus projetos, com calma e no seu tempo. A paciência em nosso luto é uma das palavras que exercito muito. Tenha paciência com você, com sua história e com sua dor.
Receba meu abraço.
Terezinha bom dia. Muito linda e verdadeira a sua Alma.Eu perdi meu João Paulo há 1ano e 43 dias. Cada dia me sinto pior. Tenho mais dois filhos homens, ele do meio. Como tenho depressão, assim como ele tinha e fazia tratamento certinho, como eu faço; me alivia um pouco saber q ele tentava. Vivia em SP com sua esposa Alexandra.Foi uma criança belíssima e muito inteligente. Nunca gostou de nada errado e tinha uma Alma muito linda e generosa. Você escreve o que sinto e não consigo transmitir . Sua missão é clara e transparente. Hoje vivo forçando a barra para continuar seguindo sem ele. Que Deus continue nos guiando!.
Angélica, eu acredito que a piora é a saudade que nos maltrata, pq a cada dia que passa, a falta que eles fazem grita dentro da gente de forma diferente. As vezes tenho a impressão que não vou dar conta, mas lembro que ela está viva em mim e enquanto eu viver, ela viverá, pois a carrego nas lembranças e transmito todo o amor que ela deixou para outras pessoas.
E quando recebo uma mensagem como essa sua, sinto que escolhi o caminho certo de escrever sobre esse luto e com isso acolho a minha e a dor de várias pessoas que infelizmente, passam pelo mesmo.
Receba meu abraço afetuoso.
Ps. Quando for em Aracajú, vamos marcar de tomar um sorvete na Sorveteria Castelo Branco, o melhor sorvete de mangaba do universo.
Terezinha, estou conhecendo hj seu perfil do Instagram e essa página, me identifiquei muito com suas palavras, com seus sentimentos! Sentimentos da mãe que perde seu filho pro suicidio.
Sou uma sobrevivente como você, e venho lhe parabenizar por essa linda iniciativa. É tão bom saber que tem pessoas que se importam em ajudar as outras, ajudar a passar por essa dor aterrorizante, ajudar a tentar entender o que não é entendível….
Parabéns mesmo!
Tenho muita vontade de ser tb um instrumento de disseminação do assunto, mas confesso não saber por onde começar.
Mas acredito que cada um tem um propósito, então talvez não seja o meu, ou o momento ainda não tenha chegado!
Obrigada por isso, Terezinha!
Vou consumir seus conteúdos com carinho.
Abraços
Bom dia pessoal como faço para entrar no grupo de vcs
Boa tarde,
Mande email para terezinha@nomoblidis.com.br que você irá receber as orientações.
Um abraço.
Obrigada Terezinha por compartilhar esses textos e sua caminhada com o luto. Eu tive uma perda neonatal e, por mais que vivenciemos causas de morte diferente ainda assim é a morte… me identifico com vc em tantas coisas que diz sobre a dor da perda de um filho, no caso, uma filha, e é saber que não estamos sós! que o que sinto vc sente tbm todos os dias… Um forte abraço!
Oi Bianca,
Receba meu abraço e sinto muito por sua perda.
Aprendi que dor é dor e não tem como medir, só quem a sente sabe o seu tamanho.
A dor de perder um filho seja em qual circunstância é devastadora, paralisa, desestabiliza mas com o amor que ficou, vamos encontrando forças para seguir adiante.