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Coisas que uma mãe espera nunca ter que fazer por um filho.
10/11/2017
Coisas que uma mãe espera nunca ter que fazer por um filho.
10/11/2017
nomoblidis Abacaxi

Marina tinha 19 anos,  uma filha amada e que transbordava amor. Lutava há meses contra uma depressão que assolava  a sua vida, estava em tratamento psiquiátrico e psicológico.

Tinha alguns picos de melhora e de recaída, começou a se cortar nas coxas e barriga, dizia que era para aliviar a dor  que sentia, mas não sabia explicar o que era, dizia ser um vazio, um aperto, uma angústia e  não estava conseguindo se  alimentar e nem dormir direito.

Começou a falar que morrer seria a melhor solução. Pediu para ser internada, mas ficou somente 3 dias no hospital psiquiátrico.

Encontrou uma terapeuta que ela dizia ter salvo a sua vida, um novo psiquiatra  havia sugerido que ela poderia ter um  transtorno de personalidade conhecida como Bordeline e mudou a medicação.

E de uma hora para outra passou a dizer que estava bem e agia como se estivesse bem,  mas logo depois ingeriu uma grande quantidade de medicamentos que resultou em sua morte 20 dias depois.

Durante os dias que se seguiram a sua morte eu e meu marido  refletimos muito sobre tudo que aconteceu e o por que da sua atitude radical e se podíamos ter feito algo  para salvá-la.

Estes questionamentos estavam  tirando o meu  juízo e então procurei ajuda para tentar entender o que aconteceu, encontrei grupos de Prevenção e Posvenção do suicídio o do Instituto Vita Alere e o Gass do CVV.

Nestes grupos, eu e o Joseval, estamos aprendendo muito sobre o suicídio e chegamos a conclusão de que jamais saberemos o que realmente aconteceu e que apenas podemos supor que a depressão a fazia sofrer tanto que ela viu na morte um alívio e que o suicídio pode ser prevenido mas nem sempre poderá ser evitado, a depressão não a deixava ver uma saída e que fizemos tudo que estava ao nosso alcance.

Não está sendo fácil, mas graças à ajuda dos grupos estamos conseguindo lidar com todo esse turbilhão de sentimentos para continuar a nossa vida  aprendendo a viver sem a presença física dela mas com toda as boas lembranças que elas nos deixou.

Antes de tudo isto acontecer, nós  achávamos que suicídio era algo que nunca iria nos atingir, que este problema só acontece na vida dos outros. Hoje vemos que o desconhecimento sobre o assunto e o silêncio favorece para que este mal atinja muitas pessoas.

Infelizmente não conseguimos salvar nossa a filha mas hoje podemos ajudar as pessoas que como nós, sofrem com a perda de alguém desta forma tão cruel e que devemos e podemos falar sobre o assunto.

1 Comment

  1. Rosmary disse:

    Como sempre Terezinha, sua fala clara ajuda o entendimento dessa dor tão grande. Grata a vcs Terezinha e Josival.

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